Written by 09:59 Especial

O que significa Arautos do Evangelho?

Eles usam um hábito diferente, com uma enorme cruz branca e vermelha que pode ser reconhecida à distância, corrente na cintura e botas de cavalaria. Constroem magníficas igrejas em estilo gótico, dedicam-se à vida comunitária, cantam gregoriano, incentivam a recitação do Rosário e a Consagração a Nossa Senhora e seu fundador foi agraciados com a medalha “Pro Ecclesia et Pontifice”, uma das honras mais altas concedidas pelo Papa àqueles que se distinguem por sua atuação em favor da Igreja. 

Depois da Reforma Protestante, em 1517, embora Lutero não tenha criado uma nova igreja, dezenas, centenas e depois milhares delas surgiram, cada uma com suas próprias regras e doutrinas.

No entanto, a Igreja fundada por Cristo, permaneceu indivisível, una, santa, católica e apostólica e todos os movimentos que acolhe em seu seio professam os mesmos dogmas, seguem o mesmo Catecismo e convergem para o mesmo fim. 

Engana-se quem acredita que os diferentes carismas existentes dentro da Igreja signifiquem dissidências e sigam doutrinas diferentes. De Pedro a Leão XIV, a Igreja Católica, conduzida pelo Papa e pelos Bispos, é única e a mesma desde a sua fundação. 

Portanto, ao verem religiosos vestidos com hábitos de aspecto rígido, botas de cano alto e uma corrente na cintura, não pensem tratar-se de uma seita ou de alguma nova religião. São os Arautos do Evangelho, e eles são totalmente católicos.

O que significa Arautos?

O termo “arauto” ou “heraldo” provém do francês antigo “héraut” e se refere à forma como eram denominados os mensageiros oficiais na Idade Média. Os arautos viviam a serviço de príncipes e reis e eram incumbidos de realizar proclamações solenes, transmitir as mensagens da coroa, anunciar a guerra e proclamar a paz. 

De um modo geral, o termo se refere àquele que transmite mensagens ou notícias, emissário, mensageiro, porta-voz, mas também significa “aquele que defende uma causa ou ideia”.

Assim sendo, os Arautos do Evangelho são aqueles que têm a atribuição de anunciar a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, sendo, ao mesmo tempo, transmissores e defensores da Boa Nova. 

Portanto, a missão dos Arautos do Evangelho é levar a mensagem cristã através da transmissão da Palavra e do exemplo, por sua forma de vida.

Por que os Arautos são tão diferentes?

Até algumas décadas atrás, era normal os padres andarem de batina e os membros das diversas congregações religiosas usarem o hábito no seu dia a dia, costume tão arraigado que não causava estranheza alguma.

Franciscanos, Beneditinos, Agostinianos, Redentoristas e os filhos e filhas do Carmelo, entre tantos outros, distinguiam-se pela peculiaridade de seus hábitos, assim como acontece hoje com os Arautos do Evangelho.

Segundo a explicação dos próprios Arautos, o hábito deles foi idealizado antes mesmo da criação da Ordem a que pertencem, a Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício Arautos do Evangelho, fundada em 1999 pelo Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, falecido em 2024.

Mons. João foi discípulo e secretário pessoal do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995), fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a TFP. O Pe. Alex Brito nos conta que “em seu anseio de entusiasmar as pessoas através da beleza, Dr. Plinio desejava fundar uma associação que fizesse parte da Igreja Católica servindo-a com uma nova vitalidade, chamando todos a Nossa Senhora através do maravilhoso, do esplendoroso, relembrando as antigas ordens de cavalaria”.

Segundo o Pe. Alex, o primeiro grupo formado por Dr. Plinio que decidiu viver em comunidade usava o hábito da Ordem Terceira do Carmo, à qual eram filiados. Com o tempo e as atividades desenvolvidas, Dr. Plinio e Mons. João, que, na época, ainda não era sacerdote, foram fazendo adaptações que resultaram no hábito como ele é hoje. 

Os Arautos, no entanto, só seriam fundados por Mons. João Clá alguns anos depois da morte de Dr. Plinio, mas já tinha o seu hábito pronto, tal como ele o idealizou e, usá-lo, fez dos Arautos pessoas bem diferentes, facilmente reconhecidas aonde vão. 

Cada parte do traje possui um significado 

Ao pensar no hábito dos Arautos, a primeira cor que nos vem à mente é o marrom, mas o Pe. Alex explica que nem todos se vestem com esta cor. A túnica marrom, mais sóbria, é reservada apenas aos clérigos (diáconos e sacerdotes).

Os leigos consagrados do setor masculino usam a túnica de cor branco-marfim, sendo apenas o escapulário da cor marrom. Os que começam sua experiência vocacional aos dezoito anos, ou depois, usam a cor ocre.  Já o hábito do setor feminino compõe-se de uma túnica de cor amarelo-ouro e escapulário marrom. 

Assim como os homens, as mulheres também usam a corrente na cintura e as pesadas botas de cano alto, “que representam o caráter missionário, e abnegado, que não conhece limites, nem obstáculos para levar a fé em Cristo e o amor a Maria”, completa.

Outro elemento que compõe o hábito é o capuz, símbolo da vida contemplativa, usado apenas pelos clérigos e leigos consagrados mais antigos.

A cruz de Santiago

O escapulário é parte fundamental do traje e todos os Arautos o usam sobre a túnica. Com exceção dos iniciantes, os escapulários são sempre marrons, e o que chama a atenção neles é a enorme cruz branca e vermelha, com as extremidades dos braços lembrando a flor de lis e o cumprimento no formato de uma espada. 

O sacerdote explica que a cruz foi inspirada na cruz dos integrantes da antiga Ordem de Santiago de Compostela, na Espanha, “e é um símbolo da entrega que cada Arauto faz da sua vida, seu ser e seu querer, nas mãos de Nossa Senhora”.

“O branco da cruz representa a castidade e a pureza de doutrina e de costumes; o vermelho reflete o amor elevado até o sacrifício e o desejo da fidelidade, imagem do preciosíssimo sangue vertido por Jesus em sua Paixão, e o fio dourado que divide as duas cores exprime a beleza e a excelência da santidade à qual todos os batizados são chamados”, conclui.

Outros elementos do hábito

As chaves pontifícias, que representam a estreita ligação dos Arautos do Evangelho com a Santa Sé, são usadas no peito dos clérigos e no colarinho dos que portam o hábito branco. Estes levam, no peito, um grande medalhão com a imagem de Nossa Senhora de Fátima que, por sua vez, também ostenta na sua base as mesmas chaves.

A corrente, que cinge a cintura, simboliza a devoção à Santíssima Virgem, ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort, como exemplo de submissão à vontade de Deus, através da escravidão de amor a Jesus, pelas mãos de Maria.

E não podemos esquecer do Rosário, que todos os Arautos levam pendurado na corrente da cintura. “O Santo Rosário é a arma do católico e o símbolo de uma vida de oração que faz parte da essência de ser um Arauto”, afirma Pe. Alex, explicando que eles rezam o Rosário todos os dias, além de diversas outras orações.

Além da roupa, o que diferencia os Arautos?

Os Arautos do Evangelho não são apenas um grupo de padres e leigos que se vestem de forma diferente, mas sim um conjunto de religiosos a serviço de Deus e do próximo, regidos pelas normas da Igreja e que levam uma vida de oração, estudo, trabalho, disciplina, caridade e divulgação da Palavra de Deus. 

O seu trabalho missionário é tão relevante para a Igreja que, em agosto de 2009, oito anos após terem recebido a aprovação pontifícia, concedida pelo Papa São João Paulo II, o Papa Bento XVI, conferiu a Mons. João Clá, pelas mãos do Cardeal Franc Rodé, então prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, a medalha “Pro Ecclesia et Pontifice”, uma das honras mais altas concedidas pelo Papa àqueles que se distinguem por sua atuação em favor da Igreja e do Romano Pontífice.

“Sede mensageiros do Evangelho pela intercessão do Coração Imaculado de Maria”, essa foi a ordem recebida pelos Arautos de Sua Santidade o Papa João Paulo II, uma ordem que seguem à risca, tendo como cerne de seu apostolado transmitir a mensagem do Evangelho e incentivar o amor ao Imaculado Coração de Maria.

Como eles fazem isso? Através de Missas, conferências, retiros espirituais, catequese, belíssimos concertos e apresentações musicais; formação escolar e acadêmica; cursos online de doutrina e espiritualidade católica, na Plataforma Reconquista; cerimônias de coroação de Nossa Senhora, em incentivo à Devoção dos Primeiros Sábados, pedido feito pela Virgem à Irmã Lúcia, vidente de Fátima; divulgação de conteúdo católico na internet, com extensa programação, incluindo um podcast semanal – Podcast Salve Maria! –, que aborda os mais diversos assuntos de interesse do público católico.

E, sobretudo, obras de caridade, como o atendimento a enfermos em hospitais e residências, doação de roupas, agasalhos, alimentos e utensílios a comunidades carentes, atuação em situações de calamidade pública, como guerras e enchentes, assistência a outros grupos católicos e uma surpreendente disponibilidade dos sacerdotes em atender confissões, num momento em que faltam padres para atender essa importante demanda dos fiéis.

Disciplina, beleza, esperança e alegria

A ordem e a disciplina são coisas que se notam nos Arautos até no jeito de andar, de conversar e de executar as mais simples tarefas, constituindo uma de suas bases de sustentação. Declaram que a fé é um elemento muito importante, mas que a fé, sem ordem e sem disciplina, acaba esvaziando-se em si mesma e não cumprindo o seu papel transformador na vida do cristão. 

Outro ponto forte dos Arautos é o amor ao belo, ou como eles chamam, o pulchrum, ou seja, tudo aquilo que, ao ser contemplado, causa satisfação e admiração, dando ideia de ordem e harmonia, a manifestação da perfeição divina no mundo. E isso pode ser visto em suas belíssimas igrejas, localizadas em várias cidades do Brasil e em diversos países, onde estão presentes.

O Pe. Alex Brito falou sobre a esperança, um dos principais ensinamentos do fundador, Mons. João Clá, citando uma fala dele: “A virtude da esperança é para nós fundamentalíssima. A Ressurreição de Cristo nos dá a esperança da nossa ressurreição. E nós devemos viver dessa esperança. Portanto, se alguém quiser ter felicidade, se alguém quiser viver contente, tranquilo, sem problemas nervosos nem agitações, ansiedades, depressões, viva dentro da esperança! Nunca perder a esperança, em função não das qualidades humanas, mas em função da graça de Deus”.

“E a esperança traz a alegria”, completa. “Pode parecer difícil falar em alegria nos dias atuais, com toda essa onda de violência, assassinatos, guerras, corrupção, tragédias provocadas por mudanças climáticas e fenômenos da natureza, apostasia, esfriamento da fé, mas, se formos nos deixar levar por isso, vamos entrar em desespero, vamos sucumbir, e este não é o papel do cristão. Nosso fundador não cansava de nos ensinar a viver da esperança. O católico deve estar no mundo, mas sem se deixar levar pelo mundo, ao contrário, deve levar ao mundo a mensagem da esperança. Só a esperança nos permite viver com alegria”, conclui.

A devoção mariana

Outro ponto que se destaca claramente nos Arautos é a devoção mariana. O Pe. Alex explica que os Arautos têm como missão divulgar as mensagens de Nossa Senhora ao mundo, principalmente as mensagens de Fátima, que, segundo ele, são essencialmente mensagens de esperança: 

Nossa Senhora anunciou, em Fátima, que se a humanidade não se emendasse, viriam os castigos, mas ela também prometeu ‘por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!’ Nós acreditamos piamente nesse triunfo do Imaculado Coração de Maria e aprendemos com o Dr. Plinio e com o Mons. João a construirmos o alicerce de nossa devoção sobre essa promessa de Nossa Senhora.”

Nas igrejas dos Arautos do Evangelho se destacam as imagens da Virgem e eles são grandes incentivadores da recitação do Rosário e da Sagrada Escravidão a Nossa Senhora, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort. Mais de 2 milhões de pessoas já se inscreveram no curso online de preparação para a consagração oferecido por eles.

O Pe. Alex destacou também a alegria dos Arautos por termos no Papa Leão XIV um pontífice mariano, cuja primeira ação, depois de eleito, foi visitar o Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Genazzano, um lugar muito especial para eles, pois têm uma devoção genuína pela Mãe do Bom Conselho.

Bem, esses são os Arautos do Evangelho. Você já os conhecia? Ficou curioso para saber mais sobre eles? Visite o canal  Arautos do Evangelho e tire suas próprias conclusões.

Link do Canal: https://www.youtube.com/channel/UCV7p2362kGftQc07bpVomUQ

Visited 13 times, 1 visit(s) today
Close